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Mulheres da IndependĂȘncia: 3 mulheres são heroĂ­nas do 2 de Julho

Costureiras, esposas, mães, filhas, negras ganhadeiras que trabalhavam para libertar seus maridos e filhos são exemplos de mulheres anônimas que participaram das lutas pela independĂȘncia da Bahia.

Por Portal Geledés em 02/07/2021 às 11:40:24
Reprodução/Google

Reprodução/Google

Costureiras, esposas, mães, filhas, negras ganhadeiras que trabalhavam para libertar seus maridos e filhos são exemplos de mulheres anônimas que participaram das lutas pela independĂȘncia da Bahia.

por Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria,

Apenas trĂȘs dessas heroínas baianas entraram para a história e são símbolos da resistĂȘncia que culminou no 2 de julho: Joana Angélica, Maria Quitéria e a negra Maria Felipa.

Foto: Filomena Modesto Orge/Arquivo Público do Estado da Bahia













Foto: Filomena Modesto Orge/Arquivo Público do Estado da Bahia

Maria Felipa

A história de Maria Felipa, presente na cultura e no imaginĂĄrio popular da Ilha de Itaparica, foi citada pela primeira vez em 1905, em um documento do historiador Ubaldo Osório, avô do escritor João Ubaldo Ribeiro.

Trabalhadora braçal, pescadora e marisqueira, a negra liderou outras mulheres negras, índios tupinambĂĄs e tapuias em batalhas contra os portugueses que atacavam a Ilha de Itaparica, a partir de 1822. Um dos feitos do grupo de Maria Felipa foi ter queimado 40 embarcações portuguesas que estavam próximas à Ilha.

Conhecida por ser uma mulher muito alta, de grande força física, Maria Felipa teria liderado um grupo de 200 pessoas, que usavam facas de cortar baleia, peixeiras, pedaços de pau e galhos com espinhos como armas.
"As mulheres seduziam os portugueses, levavam pra uma praia, faziam com que eles bebessem, os despiam e davam uma surra de cansanção", conta a pesquisadora de patrimônio cultural e histórico Eny Kleyde Farias, autora do livro "Maria Felipa de Oliveira: heroína da independĂȘncia da Bahia", lançado em 2010.

Mesmo após a independĂȘncia, Maria Felipa continuou exercendo sua liderança sobre a população pobre da Ilha de Itaparica. Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira do Brasil na Fortaleza de São Lourenço, na Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo invadiram a armação de pesca de um portuguĂȘs rico e surraram um vigia, o que demonstra que as hostilidades entre portugueses e brasileiros, principalmente os pobres, não terminaram no 2 de julho.

É neste episódio que fica registrado o canto de Maria Felipa: "havemos de comer marotos com pão, dar-lhes uma surra de bem cansanção, fazer as marotas morrer de paixão".

Ilustração: Wikimedia Commons

Ilustração: Wikimedia Commons

Joana Angélica
Nos primeiros dias de insegurança e medo que tomaram conta da cidade da Bahia, em fevereiro de 1822, a abadessa Joana Angélica se tornou a primeira heroína e mĂĄrtir da independĂȘncia.

O general portuguĂȘs Madeira de Melo enfrentava a oposição do comando dos militares brasileiros com violĂȘncia. Durante o ataque ao quartel da Mouraria, os soldados portugueses tentavam invadir o Convento da Lapa em busca de armas e inimigos supostamente escondidos.

JĂĄ com 60 anos e pela segunda vez na direção do Convento, a religiosa tentou impedir a entrada de soldados no ambiente feminino. Recebeu golpes de baioneta como resposta e faleceu no dia seguinte, em 20 de fevereiro de 1822.

Na época, seu assassinato serviu como um dos estopins para o início da revolta dos brasileiros. Atualmente, Joana Angélica dĂĄ nome à avenida principal do bairro de Nazaré, onde fica o Convento da Lapa.

Foto: Reprodução/TV Bahia

Foto: Reprodução/TV Bahia

Maria Quitéria
Ao fugir de casa para lutar pela Bahia, Maria Quitéria provavelmente não imaginou que se tornaria uma das principais personagens da independĂȘncia. Com grande habilidade no manejo de armas e parente de militares, ela não se contentou em assumir o papel normalmente reservado às mulheres no século 19.

Usando o uniforme de seu cunhado, Maria Quitéria entra para o Batalhão dos Periquitos, assim apelidado popularmente pelo uso de mangas e golas verdes, e passa a se chamar soldado Medeiros. Combate na Bahia de Todos os Santos, em Ilha de Maré, Barra do Paraguaçu e na cidade de Salvador, na estrada da Pituba, Itapuã, e Conceição.

Por causa da sua coragem em fingir ser um homem para combater, o general Labatut lhe deu honras de Primeiro Cadete e um decreto imperial lhe conferiu as honras de Alferes de Linha.

Em 28 de julho de 1996, foi reconhecida como Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Atualmente, por determinação ministerial, sua imagem deve estar em todos os quartéis do país.

Em Salvador, uma estĂĄtua foi erguida em 1953, ano do centenĂĄrio de sua morte, no Bairro da Liberdade.


Fonte: Portal Geledés

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