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Dia Mundial do LĂșpus conscientiza população sobre doença crônica

Objetivo Ă© incentivar diagnóstico precoce e controle da doença

Por Redação Bahia.Ba em 10/05/2021 às 10:01:53
Divulgação/Central Press

Divulgação/Central Press

A jornalista TĂĄssia Di Carvalho só descobriu que tinha lĂșpus em 2012. No final do ano anterior, após uma noite de grande estresse, ela acordou com o rosto totalmente inchado. "Não consegui nem andar. Fui me arrastando até chegar ao banheiro para ver o meu rosto. Meus olhos estavam inchados".

TĂĄssia ligou para o marido e ele a levou para o pronto-socorro, onde os médicos julgaram se tratar de alergia a algum alimento ingerido. Receitaram corticoides e ela desinchou. Dois dias depois, voltou a inchar. Mais corticoides. "Ficaram nessa brincadeira cerca de dois meses. AĂ­, me mandaram para a Santa Casa, porque ficaram com medo da quantidade de corticoides que eu estava tomando". Além disso, foi levantada a possibilidade de se tratar de uma doença crônica.

Na Santa Casa, TĂĄssia teve que recorrer à assistĂȘncia social para poder ser atendida com urgĂȘncia e não ter que aguardar durante meses para agendar uma consulta. Somente ali, após exames, a jornalista descobriu que tinha lĂșpus. Chegou a perder todo o cabelo, sofreu episódios sem conseguir andar, fez quimioterapia por cinco anos. Ficou com perda de visão e teve lesões cutâneas. Hoje, se trata com hidroxicloroquina.

Fatores

Esta segunda-feira (10) é o Dia Internacional de Atenção à Pessoa com LĂșpus, que faz parte da campanha mundial de conscientização "Maio Roxo", cujo objetivo é incentivar o diagnóstico precoce e controle da doença. O presidente da Comissão CientĂ­fica de LĂșpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Edgard Reis, disse à AgĂȘncia Brasil que não existe um fator Ășnico para o aparecimento do lĂșpus.

Ele resulta de uma junção de fatores genéticos, ambientais (radiação ultravioleta) e hormonais (estrógeno) que atuam sobre o sistema autoimune. "Ou seja, o próprio indivĂ­duo começa a produzir anticorpos, células, moléculas que vão atacar o próprio organismo. Em vez de atacar vĂ­rus e bactérias, acabam por atacar o próprio organismo também", afirmou Reis.

O lĂșpus é um doença reumĂĄtica, crônica, que afeta principalmente mulheres entre 15 e 45 anos de idade, perĂ­odo compreendido, em geral, após a primeira menstruação e a pré-menopausa. Como se trata de uma doença crônica, não tem cura.

"Mas tem um bom controle", advertiu o médico. Com o uso de medicamentos adequados, o paciente tem uma vida praticamente normal, completou. "Não existe um remédio que vai estabelecer uma cura especĂ­fica, ao contrĂĄrio do que ocorre com a pneumonia, por exemplo". Admitiu, por outro lado, que após a menopausa, existe tendĂȘncia de melhor controle do lĂșpus, caso essa seja uma doença menos agressiva.

Sintomas

No inĂ­cio, alguns sintomas podem ser inespecĂ­ficos, como cansaço, desânimo, febre diĂĄria baixa, emagrecimento, inapetĂȘncia, alterações de humor, dor nas articulações e no corpo. Reis lembrou que alguns pacientes podem ter problema no pulmão, como tosse, falta de ar; às vezes alterações renais como diminuição da urina; manifestações do sistema nervoso que são mais raras, como quadros de convulsão e até mesmo de alterações psiquiĂĄtricas. "Depende muito de paciente para paciente".

Edgard Reis destacou que o Dia Internacional de Atenção à Pessoa com LĂșpus, ou Dia Mundial do LĂșpus, é importante não só para a prevenção da doença, mas para a conscientização. "Porque não é uma doença que é bem divulgada na mĂ­dia. Então, é importante para que as pessoas entendam que ela existe, quais os principais sintomas, visando à realização de um diagnóstico precoce da doença, para melhora do tratamento e do desfecho a longo prazo. Essa conscientização é importante também para que os parentes do doente entendam do que se trata.

O lĂșpus não é contagioso. Não é uma doença infecciosa, mas do sistema imune. "Não pega de pessoa para pessoa, não é transmissĂ­vel". Quando hĂĄ suspeita clĂ­nica, pode ser pedido ao paciente que faça exames gerais, entre eles hemograma completo, exame de urina para saber se tem alterações nos rins, e alguns anticorpos. "Em alguns casos, quando se faz necessĂĄrio, podem ser feitos alguns exames de imagem, radiografia, tomografia, ecocardiograma, ou mesmo anĂĄlise dos tecidos, com biópsia da pele e do rim". O tratamento visa a diminuir a progressão do quadro, reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.


Fonte: Bahia.Ba

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