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Hospital se nega a implantar o dispositivo intrauterino (DIU) e alega valores religiosos

Advogada diz que recusa Ă© inconstitucional

Por Maura Martins - Repórter da TV Brasil - São Paulo em 27/01/2024 às 00:57:16
Fernando Frazão/Agência Brasil

Fernando Frazão/Agência Brasil

Parlamentares de São Paulo acionaram o Ministério Público para que investigue um Hospital São Camilo por ter negado a implantação de um dispositivo intrauterino, o DIU, em uma paciente. O hospital privado que atua na capital paulista alega que a recusa se deve ao fato de a instituição ser católica, e, portanto, não oferece o procedimento contraceptivo por causa dos valores religiosos.

Leonor macedo - gerente de marketing

Para a gerente de marketing, Leonor Macedo, que teve o procedimento recusado, a negativa mostra que o direito a prevenir uma gravidez não estĂĄ consolidado no Brasil. "Se deparar com uma informação dessas em 2024, por causa de religião, me parece um retrocesso muito grande".

A rede de hospitais São Camilo assume que não oferece procedimentos contraceptivos por ser uma instituição confessional católica. A exceção é para casos de risco à saúde. A instituição diz ainda que orienta que as pacientes busquem outros hospitais junto ao plano de saúde.

Mas de acordo com a advogada e professora de direito Marina Coelho Araújo, a recusa vai contra a legislação brasileira. "Uma pessoa jurídica não pode impor qualquer crença religiosa em um espaço publico. Eles são um hospital, por mais que eles sejam um hospital de capital privado, são um espaço de população. Para mim, isso é inconstitucional e é passível de responsabilidade".

Aborto

Nas últimas semanas, movimentos de mulheres denunciaram o fim do serviço de aborto legal em um hospital municipal de São Paulo considerado referĂȘncia no procedimento. A prefeitura diz que o serviço ainda pode ser feito em outros hospitais.

A obstetra FlĂĄvia Estevan defende que o Brasil precisa passar para um outro nível de discussão sobre direitos sexuais e reprodutivos e não apenas reagir à perda do que é bĂĄsico. "É bĂĄsico que uma instituição de saúde coloque o DIU em uma paciente ou em todas as pacientes que expressarem esse desejo. É muito bĂĄsico que o aborto previsto em lei seja assegurado nos hospitais, e não a gente ter que enfrentar o fechamento de serviços", ressalta.



Fonte: AgĂȘncia Brasil

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