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Vereadores repudiam loja no aeroporto e falam em recorrer ao Ministério Público Estadual (MP-BA) contra racismo

Após a repercussão causada pela venda de cerâmicas de pessoas escravizadas, parlamentares da capital baiana se posicionaram

Por Geovana Oliveira em 07/02/2022 às 19:17:54
Reprodução

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Após a repercussão causada pela venda de cerâmicas de pessoas escravizadas em loja no aeroporto de Salvador, vereadores da capital baiana se posicionaram e repudiaram a comercialização do produto, esculturas de mulheres e homens negros com mãos acorrentadas.

O vereador Silvio Humberto (PSB) afirma que a melhor palavra para qualificar o ato é "desumanidade". "Eu fico com aquela sensação de que é por essas e outras razões que a humanidade não deu certo, porque quando uma pessoa se dá ao trabalho de reproduzir essas figuras, de colocar escravos de cerâmica à venda, é uma completa desumanidade. Típico do que o racismo retira — sabemos que o que o racismo retira é nao reconhecer a humanidade do outro", diz. "E se ela [advogada da Loja Hangar] pergunta desse rebuliço todo, esse rebuliço todo é porque é racismo".

Humberto defende ainda que a denúncia seja feita junto ao Ministério Público Estadual (MP-BA) e pede apoio da sociedade em um boicote à loja. "Isso pra mim é um ato de desumanidade que não surpreende, a gente lamenta sempre, mas não surpreende. Isso mostra como o racismo vai em diversas áreas, sendo vendido como se fosse uma lembrança, algo que não provoca dor", afirma.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia, a vereadora Marta Rodrigues (PT) também repudiou, nesta segunda (7), a venda e exposição de peças de pessoas negras escravizadas e acorrentadas sob a justificativa de "retratar a história do país".

"O racismo está tão enraizado que a própria representante da loja considera normal esse tipo de produto a venda, diz não entender "o reboliço", pois acredita retratar a história do país. Qual o significado de alguém sair de salvador, cidade que foi receptora de pessoas escravizadas para o país inteiro, a cidade mais negra do país, com uma peça dessa, senão levar adiante naturalização do racismo e da dor de milhares de pessoas escravizadas? Todo dia, toda hora, o racismo está ai, em cada canto, silenciosamente sendo reproduzido", diz em nota.

Segundo Marta, a venda das peças é um exemplo de como a sociedade naturaliza o período escravocrata no país e tenta se eximir da responsabilidade pelo período nefasto e cruel que até hoje deixa sequelas sociais. "Porque não vende peças de Dandaras, Marias |Felipas, Manuel Faustino, dos heróis de búzios, dos heróis dos malês, de Luiza Mahin? A crueldade não é para ser estilizada e banalizada em peças de "arte". Isso não é "arte". Isso é manutenção do racismo", declara.

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Fonte: Metrô 1

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