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Vencedoras do concurso de obras audiovisuais "Pelo Fim da ViolĂȘncia contra a Mulher" recebem prĂȘmio na Câmara

O objetivo do concurso Ă© ampliar a visibilidade do tema como forma de combater o problema

Por Reportagem - Lara Haje em 11/03/2025 às 21:58:19
Cinco vencedoras foram escolhidas entre 44 vídeos inscritos

Cinco vencedoras foram escolhidas entre 44 vídeos inscritos

A Câmara dos Deputados premiou, nesta terça-feira (11), as cinco diretoras dos vĂ­deos ganhadores do concurso de obras audiovisuais "Pelo Fim da ViolĂȘncia contra a Mulher", promovido pela Secretaria da Mulher e pela Secretaria de Comunicação da Câmara, por meio da TV Câmara.

Escolhidas entre 44 vĂ­deos inscritos, as obras documentais e ficcionais vencedoras receberão R$ 10 mil cada, além do direito de transmissão pela TV Câmara e demais plataformas de comunicação da Câmara dos Deputados. As obras premiadas também estão disponĂ­veis no YouTube.

A procuradora da Mulher na Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ), destacou que a exibição dos filmes ajuda a operar a mudança cultural necessĂĄria para pôr fim à violĂȘncia. "VocĂȘ não muda a cultura por lei, vocĂȘ muda a cultura por transformação de conceitos", disse.

"A gente vem de uma geração em que as pessoas que sofriam violĂȘncia se escondiam, e quem tem que ter vergonha não é quem apanha, é quem bate", continuou. "VocĂȘs, quando dão luz ao tema, colocam as mulheres, com todas as lĂĄgrimas, com todas as perdas, para transformar essa perda num olhar firme, olho no olho, para dizer: eu estou lutando para que outras não passem por isso", afirmou Soraya Santos.

Coordenadora da bancada feminina, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) agradeceu às cineastas. "VocĂȘs conseguem penetrar na alma da gente, conseguem falar ao coração da gente. Vamos ajudar essas mulheres que não tĂȘm vez e que não tĂȘm voz, vamos ajudar essas mulheres que se calam diante da barbĂĄrie porque não tĂȘm outra solução, dada a submissão a que são submetidas em todo o processo de crescimento", afirmou.

Ampliação do concurso
Segundo Ana ClĂĄudia Lustosa, chefe de gabinete da Secretaria da Mulher, o concurso começou hĂĄ 13 anos, vinculado à violĂȘncia doméstica e à Lei Maria da Penha. Mas nesta edição o concurso foi ampliado para abarcar outros tipos de violĂȘncia que atingem a mulher, como a polĂ­tica e a sexual.

"A gente também teve a preocupação muito grande de incluir todo o Brasil. A gente pensou: vamos escolher um filme por região do Brasil, porque o problema não é local, é nacional, e cada região traz um recorte, a sua perspectiva, o seu olhar sobre o problema", acrescentou.

Visibilidade à violĂȘncia
A diretora da TV Câmara, Ginny Morais, ressaltou, por sua vez, que dar visibilidade aos diferentes tipos de violĂȘncia pode ajudar a coibir agressões que poderiam levar a situações mais drĂĄsticas, como o feminicĂ­dio. "Tem muita mulher que não sabe o que é violĂȘncia patrimonial, que é a violĂȘncia contra o dinheiro dela; tem muita gente que não sabe o que é violĂȘncia moral, psicológica, obstétrica, que inclusive é tratada em um dos nossos vĂ­deos [premiados]", apontou.

"As mulheres precisam contar suas histórias, nós temos que contar nossas histórias, e elas precisam ser vistas", disse Lisiane Cohen, vencedora do PrĂȘmio do Concurso de Obras Visuais da Região Sul, com o filme "Era uma vez uma princesa".

"Meu filme representa tantas mulheres negras que sofrem no campo, na cidade, em tantos lugares, tantas violĂȘncias", reiterou Valtyennya Campos Pires, vencedora da Região Nordeste, com o documentĂĄrio sobre a louceira Maria do Céu, vĂ­tima de feminicĂ­dio em 2013 na comunidade quilombola Serra do Talhado Urbano, em Santa Luzia (PB).

Realidade de opressão
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a deputada Ana Pimentel (PT-MG) destacou dados recentes divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança PĂșblica mostrando que em torno de 40% das mulheres no Brasil sofreram algum tipo de agressão no Ășltimo ano e que mais de 90% foram testemunhadas por outras pessoas.

Conforme a deputada, a violĂȘncia, somada à divisão sexual do trabalho – elas dedicam o dobro de tempo dos homens ao trabalho de cuidado –, faz com que a mulher brasileira viva uma "realidade verdadeiramente de subjugação, de opressão".

ViolĂȘncia polĂ­tica
JĂĄ a coordenadora do Observatório Nacional da Mulher na PolĂ­tica, deputada Yandra Moura (União-SE), chamou atenção para a violĂȘncia polĂ­tica, que faz com que as mulheres se calem e contribui para a baixa representatividade das mulheres nos espaços de poder, junto com outros fatores, como a tripla jornada e a falta de financiamento de diversos partidos para candidaturas femininas.

"Quase 79% das parlamentares sofrem algum tipo de violĂȘncia polĂ­tica de gĂȘnero, não importa a região, não importa se é branca, preta, mas é óbvio que a gente sabe a negra sofre muito mais, isso é muito claro para nós", informou, citando dados do Instituto Alziras.

Ferramenta de luta
Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) ressaltou que as obras audiovisuais são uma ferramenta de combate às violĂȘncias e que as deputadas são aliadas nesta luta. "Todos os dias enfrentamos e lutamos aqui dentro contra a violĂȘncia polĂ­tica de gĂȘnero, mas principalmente olhamos com sentimento de pertencer a uma sociedade que ainda continua usurpando e utilizando o corpo, a mente e a vida das mulheres como uma moeda de troca", salientou.

Catarina Alencastro, gerente de Parcerias Estratégicas do Youtube, que apoiou a iniciativa, também acredita que jogar luz sobre as violĂȘncias é um dos caminhos para mudar essa cultura. "Quando a gente fala só de nĂșmeros, as pessoas tendem a enxergar só o sinal, mas quando vocĂȘs contam as histórias, a gente percebe as pessoas", reiterou Érica Ceolin, diretora de Educação e Cultura do Sindilegis, que também apoiou a iniciativa.

Confira a lista das premiadas:

Região Norte
A pior dor que hĂĄ (2024)
Direção: Ana Clara Miranda Lucena
Palmas (TO)

Região Nordeste
Céu (2020)
Direção: Valtyennya Campos Pires
Serra Redonda (PB)

Região Centro-Oeste
A bicicleta (2019)
Direção: Milena Ribeiro
Goiânia (GO)

Região Sudeste
Firmina (2023)
Direção: Izah Neiva
Guarulhos (SP)

Região Sul
Era uma vez uma princesa (2021)
Direção: Lisiane Cohen
Porto Alegre (RS)


Fonte: AgĂȘncia Câmara NotĂ­cias

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