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O estado de São Paulo (SP) registrou, em 2024, uma ameaça contra a mulher a cada 5 minutos

Em 2024, uma ameaça contra a mulher foi registrada a cada 5 minutos no estado de São Paulo, segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança PĂșblica (SSP).

Por CAMILA BOEHM - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL em 30/01/2025 às 17:58:48
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Em 2024, uma ameaça contra a mulher foi registrada a cada 5 minutos no estado de São Paulo, segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança PĂșblica (SSP). De janeiro a novembro, foram registrados 97.434 boletins de ocorrĂȘncia de ameaça contra mulheres. Os dados de dezembro não foram divulgados até o momento.

No mesmo perĂ­odo de 2023, foram 97.920 registros de ameaça contra mulheres. Em todo o ano, o nĂșmero chegou a 114.083 boletins.

Os nĂșmeros não só refletem a gravidade dos casos de violĂȘncia contra a mulher, mas servem ainda como um alerta para todas as autoridades de segurança pĂșblica e do sistema de justiça, segundo anĂĄlise da advogada Ianca Santos, especialista nos direitos das mulheres e integrante do Projeto Justiceiras.

"É lamentĂĄvel que ainda tenhamos um nĂșmero assustador como esse. Sabemos que existem muitas mulheres que não denunciam. Então, o nĂșmero é ainda maior do que isso", ressaltou a advogada, em entrevista à AgĂȘncia Brasil.

Ianca Santos disse que é comprovado que o crime de ameaça é um dos mais praticados no âmbito da violĂȘncia contra a mulher. "É importante mencionar que o crime de ameaça é uma forma que o agressor tem para tentar intimidar a mulher, para que ela se sinta com medo, seja a ameaça em relação aos filhos, seja em relação ao trabalho, e a questões financeiras, à famĂ­lia".

"Eles usam dos pontos fracos da mulher para intimidĂĄ-la e minar a autoestima dessa mulher, deixando-a com medo", acrescentou.

Por causa da intimidação, ainda hĂĄ mulheres que sofrem caladas e não denunciam por medo das consequĂȘncias e de que essas ameaças sejam concretizadas, alerta a advogada.

Conscientização

Ianca Santos avalia que, para solucionar e diminuir os crimes praticados contra as mulheres, não só o de ameaça, são necessĂĄrias ações de prevenção, conscientização e educação da população.

"Nós precisamos da contribuição dos órgãos pĂșblicos, das escolas, das empresas, que são formadores de opinião, para levar conhecimento a toda a sociedade", defendeu.

A especialista citou como exemplo os dias de jogos de futebol, quando hĂĄ um aumento significativo de violĂȘncia contra as mulheres. Isso porque, em caso de insatisfação com o resultado do jogo, hĂĄ homens que descontam em suas companheiras, com gritos, ameaças e, por vezes, agressões fĂ­sicas.

"Nós precisamos acabar com essa visão estrutural, que ainda é predominante, de tratar a mulher como propriedade do homem e que ele pode fazer o que quiser com ela. Isso reflete nesses casos de ameaça, pois deixam as mulheres com medo, e a maioria paralisada, e não procuram ajuda. Portanto, o investimento em conhecimento, em educação é de suma importância", disse a advogada.

Importância em denunciar

A advogada ressalta a importância de se denunciar casos de ameaças contra mulheres, inclusive como forma de interromper o ciclo de violĂȘncia. "Nós sabemos que não é fĂĄcil denunciar uma pessoa muito próxima, como um marido, um namorado, mas é importante essa denĂșncia justamente para que isso não se escale para um crime mais grave, como o crime de feminicĂ­dio."

Os casos de feminicĂ­dio tiveram aumento de 15,89%, de 2023 para 2024. Até novembro de 2024, foram 226 boletins de ocorrĂȘncia do crime. No mesmo perĂ­odo de 2023, foram 195 registros. Ainda que os dados de dezembro não tenham sido divulgados, os feminicĂ­dios cometidos em 2024 jĂĄ ultrapassaram o nĂșmero total do ano imediatamente anterior, com 221 registros.

Para denunciar uma ameaça, a mulher deve ir a uma delegacia de polĂ­cia mais próxima para registrar um boletim de ocorrĂȘncia. Ianca recomenda que as vĂ­timas deem preferĂȘncia a delegacias de defesa da mulher. "Ela precisa juntar as provas, indicar suas testemunhas, sejam testemunhas diretas ou indiretas", orientou.

"Nos crimes de violĂȘncia contra a mulher, que geralmente acontecem entre quatro paredes, não tem testemunha [direta]. Mas a testemunha indireta vale. Por exemplo, a mulher que foi agredida contou para uma amiga. Essa amiga é sim uma testemunha dos fatos", explicou a advogada sobre as testemunhas indicadas quando o boletim de ocorrĂȘncia é registrado.

Segundo Ianca, além de conscientizar para que as mulheres registrem as denĂșncias, é preciso que os casos sejam investigados a fim de evitar que crimes como ameaças se desdobrem em feminicĂ­dio.

"Ainda enfrentamos uma questão de contingente para averiguar essas demandas. É necessĂĄrio um maior investimento nas delegacias de defesa da mulher para ter um atendimento mais célere e rĂĄpido, com maior deferimento de medidas protetivas, visando sempre a proteção dessa mulher", defende.



Fonte: EBC

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