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Duas em cada cinco crianças vulnerĂĄveis estão matriculadas em creches

Duas em cada cinco crianças em situação de vulnerabilidade social no Brasil estão matriculadas em creches.

Por Redação Agência Brasil em 12/11/2024 às 13:38:52

Duas em cada cinco crianças em situação de vulnerabilidade social no Brasil estão matriculadas em creches. Isso significa que das 4,5 milhões de crianças de 0 a 3 anos que estão em grupos considerados mais vulnerĂĄveis e deveriam ter o direito à creche priorizado, menos da metade, 43%, ou cerca de 1,9 milhão, de fato tĂȘm acesso a esse serviço. Cerca de 2,6 milhões ainda estão fora da educação infantil.

Os dados são do chamado Índice de Necessidade de Creche Estados e Capitais (INC), uma ferramenta criada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com a Quantis, para apoiar o planejamento de polĂ­ticas de acesso a creches.

O estudo considera em situação de vulnerabilidade as crianças de famĂ­lias em situação de pobreza, de famĂ­lias monoparentais, famĂ­lias em que o cuidador principal é economicamente ativo ou poderia ser, caso existisse a vaga, e de famĂ­lias com crianças com deficiĂȘncia. Os cĂĄlculos utilizam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE) e dos ministérios da Educação e SaĂșde.

De acordo com a pesquisa, entre as crianças em situação de pobreza, que totalizam 1,3 milhão no paĂ­s, a maior parte, 71,1%, não frequenta a creche, o equivalente a 930 mil crianças.

Entre o total de crianças filhos de mães/cuidador economicamente ativas, que totalizam 2,5 milhões no Brasil, 48,9%, ou 1,2 milhão não estão matriculadas na creche.

"A gente vĂȘ [essas informações] com bastante preocupação, que apenas cerca de duas a cada cinco crianças desses pĂșblicos prioritĂĄrios estão frequentando a creche", diz a gerente de PolĂ­ticas PĂșblicas da Fundação Maria CecĂ­lia Souto Vidigal, Karina Fasson. "Quando a gente olha para o pĂșblico em situação de pobreza, o cenĂĄrio é ainda pior, mais de 70% não frequentam a creche. Isso revela bastante também as desigualdades no paĂ­s".

Estados e municĂ­pios

A pesquisa traça ainda um panorama de como estĂĄ o acesso às unidades de ensino nos estados e capitais. Entre os estados, Roraima apresenta o maior percentual de crianças em situação de pobreza fora das creches: 95,4% de 9.963. JĂĄ São Paulo é o estado com o maior percentual de atendimento a crianças em situação de pobreza, com 54,7% das 120.630 crianças frequentando as creches.

Entre as capitais, 20,7% das crianças dos grupos prioritĂĄrios de Campo Grande estão fora, contra apenas 1,4% em João Pessoa.

Motivos

Entre os motivos apontados para que as crianças não estejam matriculadas estĂĄ a escolha dos responsĂĄveis no caso de 1.460.186. Elas correspondem a 56% das que vivem em situação de vulnerabilidade.

Outras 191.399 - aproximadamente 7,6% dos grupos prioritĂĄrios que não estão matriculadas - não frequentam a educação infantil porque não tĂȘm creche na localidade em que vivem ou a unidade fica distante. Para 238.424, ou cerca de 9,5%, o motivo é a falta de vagas.

"A gente tĂȘm famĂ­lias que preferem não colocar crianças muito pequenas na creche, crianças com menos de um ano, por exemplo. Então hĂĄ essa escolha pelos cuidados e pela educação no meio familiar, mas a gente sabe também que existe ainda um desconhecimento sobre a importância dessa etapa e mesmo sobre o direito a uma vaga no sistema pĂșblico", diz Karina.

Ela chama a atenção para as crianças que não estão matriculadas por falta de vagas e para a necessidade de o Poder PĂșblico ofertar creches de qualidade, sobretudo para a população mais vulnerĂĄvel. Pela legislação vigente, cabe aos municĂ­pios a oferta da educação infantil.

"A gente vĂȘ a necessidade de um planejamento dessa expansão pelo poder pĂșblico", diz. "É preciso planejar a expansão de vagas, seja pela construção de novas unidades, seja a partir de parcerias com setor sem fins lucrativos. É preciso que os municĂ­pios contem, dentro do Pacto Federativo, com a parceria com os governos estaduais, com o governo federal, por meio do Ministério da Educação, para poder pensar nas possibilidades de expansão de vagas".

Karina ressalta a importância das creches, não apenas como espaços de cuidado, mas como locais de aprendizagem, que contribuem para o desenvolvimento adequado das crianças, além de ser um direito da população.

"A primeira infância é uma fase decisiva para o desenvolvimento humano. É a fase da vida em que a gente estabelece o maior nĂșmero de conexões cerebrais. Ao final da primeira infância, aos 6 anos de idade, uma criança jĂĄ tem 90% das suas conexões cerebrais estabelecidas e para que isso aconteça de maneira saudĂĄvel é preciso que receba os estĂ­mulos adequados. Uma educação infantil de qualidade também é um componente importante para esse desenvolvimento, essa aprendizagem saudĂĄvel", defende.

Creches no Brasil

No Brasil, todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos devem estar matriculados na escola, conforme a Emenda Constitucional 59/09.

A creche não é uma etapa obrigatória, e as famĂ­lias podem optar por matricular as crianças, mas é dever do poder pĂșblico oferecer as vagas que são demandadas. Isso ficou ainda mais claro em 2022, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ampliar a obrigatoriedade da oferta de ensino também para creches. Até então, os municĂ­pios podiam negar a matrĂ­cula alegando falta de vagas.

Além disso, o paĂ­s precisa cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE), lei que estabelece metas para serem cumpridas na educação infantil a pós-graduação, até o final de 2025. Pela lei, o paĂ­s deve ter matriculadas nas creches 50% das crianças de até 3 anos. Atualmente, são 37,3%.



Fonte: AgĂȘncia Brasil

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