"Os institutos federais tĂȘm essa estrutura de excelĂȘncia, ela é pĂșblica para todos, mas principalmente para aqueles jovens e adultos que não tiveram oportunidade, e não tĂȘm oportunidade em outras estruturas. Para que tenhamos ĂȘxito, precisamos de recursos que vão viabilizar a permanĂȘncia desse jovem lĂĄ. Nós estamos elegendo uma grande bandeira para 2025, que é a alimentação escolar, que demanda um aporte de R$ 1,1 bilhão. Nossos estudantes não aprendem com fome e a nossa grande luta é para que todos os alunos recebam pelo menos uma refeição quente durante o dia nas unidades de ensino", disse Elias Monteiro, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, CientĂfica e Tecnológica (Conif), entidade que reĂșne os dirigentes dos institutos.
O orçamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) destinado aos institutos federais este ano foi de R$ 55 milhões e deve beneficiar quase 357 mil estudantes em todo o paĂs. O montante, no entanto, é considerado muito insuficiente e destinado exclusivamente à aquisição de alimentos, e não para o seu preparo nas cozinhas das unidades.Elias Monteiro liderou um grupo de 30 reitores na terceira Marcha de Dirigentes dos Institutos Federais por mais Orçamento para a Rede de Ensino, nesta quarta-feira. Durante a tarde, eles percorreram gabinetes e se reuniram com lideranças parlamentares em busca de emendas suplementares ou para negociar que não haja cortes no Projeto de Lei OrçamentĂĄria (Ploa) do ano que vem, que serĂĄ analisado pelo Legislativo no próximo semestre.
"O principal mote dessa marcha é conscientizar e comprometer, e chamar para a responsabilidade, também o Poder Legislativo, para que tenhamos um orçamento robusto e que realmente venha ao encontro das nossas necessidades, porque o orçamento da rede, desde de 2016, só vem em movimento de decréscimo", apontou Elias Monteiro.
A situação geral ainda é considerada crĂtica. De acordo com levantamento realizado pelo Fórum de Planejamento do Conif (), as 41 instituições vinculadas à entidade dispunham de um orçamento de R$ 3,6 bilhões em 2015. Neste ano, o montante destinado ao custeio de manutenção, limpeza, energia e pagamento de terceirizados foi de R$ 2,5 bilhões. Esse volume contrasta ainda com o nĂșmero de matrĂculas ter saĂdo de 512 mil, hĂĄ 9 anos, para os atuais 857 mil alunos matriculados.
O nĂșmero de unidades acadĂȘmicas nas instituições também cresceu. Em 2015, eram 528, e hoje são 633, com a expectativa de o governo federal inaugurar mais 100 unidades até 2027, conforme anĂșncio do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva, em março deste ano.
Em toda rede federal, atualmente, são oferecidos 5,3 mil cursos técnicos e 2,4 mil cursos de graduação, em 578 municĂpios. Ao todo, calculam os reitores, a rede tem necessidade de um orçamento de pelo menos R$ 4,7 bilhões para garantir seu funcionamento no próximo ano.
"Nossos estudantes são muito carentes e a falta de verba contribui para a evasão escolar", alertou Elias Monteiro, que também é reitor do IF Goiano.
Além de pedir suplementação orçamentĂĄria do MEC, o dirigente espera que parlamentares possam apoiar a rede com destinação de emendas parlamentares, cujo volume vem se ampliando ao longo dos Ășltimos anos.
Em junho, o governo federal anunciou que vai investir em melhorias na infraestrutura de todas universidades e institutos, com R$ 3,17 bilhões; hospitais universitĂĄrios com R$ 1,75 bilhão, e na criação de dez novos campi nas cinco regiões do paĂs, com R$ 600 milhões. O total é de R$ 5,5 bilhões do novo PAC.
Também em junho, o governo assinou acordos com entidades representativas de professores e de técnicos administrativos das universidades pĂșblicas e institutos federais de educação, pondo fim à uma greve que durou mais de 70 dias em todo o paĂs.
Fonte: AgĂȘncia Brasil