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A Associação dos Delegados de PolĂcia do Estado de São Paulo (ADPESP) ingressou com um pedido na Justiça Militar para que seja apurada a conduta de oficiais da PolĂcia Militar do estado de São Paulo no caso da morte de um idosos, no Ășltimo dia 7. Eles questionam a decisão dos oficiais da PM de não registrar boletim de ocorrĂȘncia em uma delegacia da PolĂcia Civil.
Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, foi morto ao ser baleado na cabeça por um policial militar quando estava a caminho, a pé, a uma farmĂĄcia, no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. O tiro foi disparado de dentro de uma viatura da PM. De acordo com a polĂcia, o disparo ocorreu durante uma abordagem a dois homens em uma motocicleta.
Segundo a ADPESP, mortes decorrentes de intervenção policial devem ser investigadas pela PolĂcia Civil. A ocorrĂȘncia, de acordo com a entidade, deveria ter sido feita em uma delegacia e não em um quartel da PolĂcia Militar, como ocorreu.
"O nosso pedido foi realizado para que a Corregedoria da Justiça Militar apure a conduta dos oficiais que conduziram a ocorrĂȘncia para o quartel da PolĂcia Militar quando deveriam ter conduzido para a delegacia", disse o presidente da associação, o delegado André Santos Pereira à AgĂȘncia Brasil. "Um dos nossos objetivos agora é saber o seguinte: de onde partiu a ordem para levarem a ocorrĂȘncia para o quartel", acrescentou.
A Justiça Militar decretou inicialmente a prisão em flagrante do policial autor do disparo por crime culposo (praticado sem intenção). Posteriormente, a prisão foi convertida em preventiva. Ele permanece detido no PresĂdio Romão Gomes.
"Nós tivemos um procedimento realizado fora da lei, na condução da ocorrĂȘncia, e vislumbramos a prĂĄtica de crimes militares: o crime de prevaricação, por terem os oficiais da PolĂcia Militar, que conduziram a ocorrĂȘncia para o quartel, agido em desacordo com a lei", disse Pereira.
De acordo com a associação, houve o descumprimento da Constituição Federal, da legislação federal, no que diz respeito às atribuições da PolĂcia Civil, e da Resolução 40 de 2015, da própria Secretaria de Segurança PĂșblica do estado de São Paulo, que determina que mortes decorrentes de ação policial devem ser investigadas pela PolĂcia Civil.
A associação argumenta ainda que houve prĂĄtica do crime de falsidade ideológica. "Um dos policiais militares responsĂĄveis pela ocorrĂȘncia consignou que um delegado de polĂcia deliberou pela apresentação da ocorrĂȘncia no quartel, o que é uma completa inverdade", disse.
Com a negativa da PM em levar a ocorrĂȘncia para uma delegacia de PolĂcia Civil, os parentes da vĂtima tiveram de fazĂȘ-lo, o que permitiu o inĂcio das investigações pelo Departamento de HomicĂdios e Proteção à Pessoa (DHPP) da PolĂcia Civil.
"Nós representamos pela instauração de um inquérito policial militar para apurar a conduta dos oficiais que conduziram a ocorrĂȘncia, pois a prĂĄtica do homicĂdio em si jĂĄ estĂĄ sendo investigada pelo DHPP [Departamento de HomicĂdios e Proteção à Pessoa, da PolĂcia Civil de São Paulo], agora sim em uma via legal apropriada, que é a PolĂcia Civil", destacou o presidente da ADPESP.
O pedido de investigação da associação ocorre em meio à tentativa do governo estadual de aumentar as atribuições da PolĂcia Militar. O governador TarcĂsio de Freitas jĂĄ afirmou que a intenção é que a PM passe a registrar termos circunstanciados, substituindo, em parte, os boletins de ocorrĂȘncia feitos nas delegacias. Na ditadura militar, a PolĂcia Militar tinha esse poder investigativo. Mas com a Constituição de 1988, essa função passou a ser uma prerrogativa da PolĂcia Civil.
Em nota, a Secretaria de Segurança PĂșblica (SSP), disse que todas as circunstâncias relativas ao caso estão sendo investigadas pela Justiça Militar e pelo inquérito instaurado pelo DHPP, com acompanhamento do Ministério PĂșblico.
"O caso foi registrado na PolĂcia JudiciĂĄria Militar, conforme previsto no artigo 9Âș do Código Penal Militar, que decretou a prisão em flagrante do policial por crime culposo. Posteriormente, a prisão foi convertida em preventiva, de modo que ele permanece no PresĂdio Romão Gomes", diz o texto da nota.
Fonte: AgĂȘncia Brasil