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Delegados pedem apuração de conduta de PMs em morte de idoso

Associação diz que morte deve ser investigada pela PolĂ­cia Civil

Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo em 22/05/2024 às 23:56:37
Divulgação

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A Associação dos Delegados de PolĂ­cia do Estado de São Paulo (ADPESP) ingressou com um pedido na Justiça Militar para que seja apurada a conduta de oficiais da PolĂ­cia Militar do estado de São Paulo no caso da morte de um idosos, no Ășltimo dia 7. Eles questionam a decisão dos oficiais da PM de não registrar boletim de ocorrĂȘncia em uma delegacia da PolĂ­cia Civil.

Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, foi morto ao ser baleado na cabeça por um policial militar quando estava a caminho, a pé, a uma farmĂĄcia, no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. O tiro foi disparado de dentro de uma viatura da PM. De acordo com a polĂ­cia, o disparo ocorreu durante uma abordagem a dois homens em uma motocicleta.

Segundo a ADPESP, mortes decorrentes de intervenção policial devem ser investigadas pela PolĂ­cia Civil. A ocorrĂȘncia, de acordo com a entidade, deveria ter sido feita em uma delegacia e não em um quartel da PolĂ­cia Militar, como ocorreu.

"O nosso pedido foi realizado para que a Corregedoria da Justiça Militar apure a conduta dos oficiais que conduziram a ocorrĂȘncia para o quartel da PolĂ­cia Militar quando deveriam ter conduzido para a delegacia", disse o presidente da associação, o delegado André Santos Pereira à AgĂȘncia Brasil. "Um dos nossos objetivos agora é saber o seguinte: de onde partiu a ordem para levarem a ocorrĂȘncia para o quartel", acrescentou.

A Justiça Militar decretou inicialmente a prisão em flagrante do policial autor do disparo por crime culposo (praticado sem intenção). Posteriormente, a prisão foi convertida em preventiva. Ele permanece detido no PresĂ­dio Romão Gomes.

"Nós tivemos um procedimento realizado fora da lei, na condução da ocorrĂȘncia, e vislumbramos a prĂĄtica de crimes militares: o crime de prevaricação, por terem os oficiais da PolĂ­cia Militar, que conduziram a ocorrĂȘncia para o quartel, agido em desacordo com a lei", disse Pereira.

De acordo com a associação, houve o descumprimento da Constituição Federal, da legislação federal, no que diz respeito às atribuições da PolĂ­cia Civil, e da Resolução 40 de 2015, da própria Secretaria de Segurança PĂșblica do estado de São Paulo, que determina que mortes decorrentes de ação policial devem ser investigadas pela PolĂ­cia Civil.

A associação argumenta ainda que houve prĂĄtica do crime de falsidade ideológica. "Um dos policiais militares responsĂĄveis pela ocorrĂȘncia consignou que um delegado de polĂ­cia deliberou pela apresentação da ocorrĂȘncia no quartel, o que é uma completa inverdade", disse.

Com a negativa da PM em levar a ocorrĂȘncia para uma delegacia de PolĂ­cia Civil, os parentes da vĂ­tima tiveram de fazĂȘ-lo, o que permitiu o inĂ­cio das investigações pelo Departamento de HomicĂ­dios e Proteção à Pessoa (DHPP) da PolĂ­cia Civil.

"Nós representamos pela instauração de um inquérito policial militar para apurar a conduta dos oficiais que conduziram a ocorrĂȘncia, pois a prĂĄtica do homicĂ­dio em si jĂĄ estĂĄ sendo investigada pelo DHPP [Departamento de HomicĂ­dios e Proteção à Pessoa, da PolĂ­cia Civil de São Paulo], agora sim em uma via legal apropriada, que é a PolĂ­cia Civil", destacou o presidente da ADPESP.

O pedido de investigação da associação ocorre em meio à tentativa do governo estadual de aumentar as atribuições da PolĂ­cia Militar. O governador TarcĂ­sio de Freitas jĂĄ afirmou que a intenção é que a PM passe a registrar termos circunstanciados, substituindo, em parte, os boletins de ocorrĂȘncia feitos nas delegacias. Na ditadura militar, a PolĂ­cia Militar tinha esse poder investigativo. Mas com a Constituição de 1988, essa função passou a ser uma prerrogativa da PolĂ­cia Civil.

Em nota, a Secretaria de Segurança PĂșblica (SSP), disse que todas as circunstâncias relativas ao caso estão sendo investigadas pela Justiça Militar e pelo inquérito instaurado pelo DHPP, com acompanhamento do Ministério PĂșblico.

"O caso foi registrado na PolĂ­cia JudiciĂĄria Militar, conforme previsto no artigo 9Âș do Código Penal Militar, que decretou a prisão em flagrante do policial por crime culposo. Posteriormente, a prisão foi convertida em preventiva, de modo que ele permanece no PresĂ­dio Romão Gomes", diz o texto da nota.



Fonte: AgĂȘncia Brasil

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